Pequenas e Médias Empresas registram crescimento de 8,6% no terceiro trimestre
Pequenas e Médias Empresas registram crescimento de 8,6% no terceiro trimestre
Data de publicação: 23/10/2024Projeção anual é de alta de 6,4%, segundo o IODE-PMEs

O faturamento das pequenas e médias empresas (PMEs) apresentou uma alta significativa de 8,6% no terceiro trimestre, conforme aponta o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs). Esse crescimento representa uma aceleração em relação ao primeiro semestre, que havia registrado aumento de 4,3%. Comparado ao mesmo período do ano anterior, o crescimento foi de 5,8%.
O IODE-PMEs mede o desempenho de empresas com faturamento anual de até R$ 50 milhões, abrangendo 701 atividades econômicas nos setores de Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
Cenário Econômico Favorável
O avanço das PMEs reflete o bom momento da economia brasileira, impulsionado principalmente pelo consumo elevado das famílias. O mercado de trabalho aquecido, com uma taxa de desemprego abaixo de 7% e rendimentos reais em alta, aliado à política fiscal expansionista e aos programas de transferência de renda, contribuiu para o fortalecimento do consumo interno.
Apesar da retomada da alta dos juros pelo Banco Central para conter a inflação, o ciclo de redução que ocorreu entre agosto de 2023 e maio de 2024 trouxe algum alívio para certos segmentos do mercado, conforme destaca Felipe Beraldi, gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie.
Segmentos que mais se destacaram
O setor de Comércio foi o grande destaque, com crescimento de 15,7% no terceiro trimestre, consolidando a recuperação iniciada no trimestre anterior, que havia registrado alta de 4,6%. Tanto o varejo (10,9%) quanto o atacado (17,4%) apresentaram resultados positivos, com destaque para segmentos como ‘Embalagens’, ‘Alimentos’ e ‘Máquinas e equipamentos para uso industrial’. Entre as atividades com maior desempenho no varejo estão ‘Produtos farmacêuticos com manipulação’, ‘Tintas e materiais para pintura’ e ‘Material elétrico’.
No setor industrial, as PMEs continuaram sua trajetória de crescimento, com um aumento de 9% no terceiro trimestre. Entre os 22 subsetores da indústria de transformação analisados pelo IODE-PMEs, 16 apresentaram evolução, com destaque para ‘Equipamentos de transporte’, ‘Móveis’, ‘Impressão e reprodução de gravações’ e ‘Máquinas e aparelhos elétricos’.
Já o setor de Serviços, após um crescimento mais tímido no segundo trimestre (0,6%), voltou a apresentar números positivos no terceiro trimestre, com alta de 4%. Segundo Beraldi, o aumento da renda familiar tem sido essencial para manter o dinamismo do setor, mesmo diante de pressões inflacionárias e da alta dos juros. Os segmentos que mais se destacaram foram ‘Transporte e armazenagem’, ‘Serviços administrativos’ e ‘Serviços para edifícios e paisagismo’.
O setor de Infraestrutura, que vinha de dois trimestres consecutivos de queda, voltou a crescer, com alta de 6,5% no terceiro trimestre, impulsionado por atividades como ‘Coleta de resíduos’, ‘Eletricidade’ e ‘Serviços especializados para construção’. No entanto, o desempenho de algumas áreas da construção civil, como ‘Obras de infraestrutura’ e ‘Construção de edifícios’, limitou um crescimento maior no setor.
Desempenho regional
Nas regiões Sudeste e Nordeste, as PMEs tiveram um crescimento de 7,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. No Sul, o avanço foi de 8,8%. Em contrapartida, as regiões Centro-Oeste e Norte enfrentaram retração de 3,1% e 1,6%, respectivamente.
Sustentabilidade do crescimento
As PMEs seguem em uma trajetória de crescimento robusta, impulsionada pela recuperação econômica de curto prazo. A expectativa é de que o setor feche o ano com uma alta de 6,4% em relação ao ano anterior, com a ajuda de datas comerciais importantes no último trimestre, como a Black Friday e as festas de fim de ano.
Para 2025, entretanto, a projeção é de um crescimento mais modesto, de 2,2%, refletindo a desaceleração esperada do PIB brasileiro (+1,9%). Beraldi ressalta que a alta da inflação e o aumento dos juros podem reduzir o consumo e os investimentos, especialmente para as PMEs, a partir do segundo trimestre de 2025.
“A tendência é que o crescimento continue concentrado nos setores de Comércio e Serviços, puxados pelo consumo familiar, enquanto Indústria e Infraestrutura, mais dependentes de crédito, tendem a sentir mais os efeitos dos juros elevados no curto prazo”, conclui Beraldi.